Uma pessoa que está
sempre preocupada em dar, em agradar, em que o outro se sinta bem, por trás de
toda essa magnanimidade só há um intuito. Inconsciente, é certo, a pessoa pode
até nem se aperceber, pode até não notar o quão carente está, o quão rejeitada
se sente.
Todas estas acções
solícitas apenas reflectem um desejo: “Gostem de mim.”
É isso. Tudo o que uma
pessoa faz pelos outros, aquela ânsia de que toda a gente esteja bem, não é mais
do que uma ânsia de que toda a gente ame, reconheça, dê valor àquele ser. E como
tu sabes, tudo o que vocês fazem com o intuito de receber algo em troca, mesmo
que não seja consciente, só leva a mais carência, mais
solidão.
E como a pessoa que
está fora de si própria não percebe que o está, porque pura e simplesmente não
vai lá dentro, não se vê, continua na sua caminhada incansável para agradar aos
outros, para fazer tudo a toda a gente. E quanto mais faz, mais sozinha fica. E
não compreende. E fica triste.
Mas como a sua moral lhe ensina que “no dar é que
está a virtude”, ao achar-se teoricamente virtuosa, nunca irá perceber que ela é
a maior responsável por essa solidão.
Como não concebe ser
ela própria a responsável, começa a culpar os outros. Passam a ser os outros os
responsáveis pela sua solidão e pelo seu sofrimento. Temos vítima. Essa
vitimização, essa necessidade de olhar para os outros como responsáveis pelos
nossos problemas é confortável e socialmente aceitável. Em termos evolutivos é
nula. Parou o cronómetro da evolução.
Só um dia, ou por já
ter perdido tudo, ou por acordar como que por milagre da sua insanidade, é que
esta pessoa vai perceber o que fez, o tempo que perdeu, o que sofreu e o que fez
os outros sofrerem com as suas acusações.
A partir do momento
em que essa pessoa comece a perceber que a responsabilidade única e inequívoca
da sua vida é dela própria, das suas escolhas, passadas e presentes… nesse dia,
quando ela perceber, estará definitivamente ligada ao céu e poderá, agora sim,
desfrutar do ser incrivelmente maravilhoso que ela é, que está lá dentro e que
nunca teve autorização para sair.
A Alma
Iluminada, Alexandra Solnado
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