COMO ME SINTO HOJE...

Hoje corre dentro de mim um verdadeiro oceano de lágrimas e um profundo abismo de dor.

Hoje só me apetecia não existir, não estar, não ser... para quê?





A vida no fundo não faz sentido, a minha não faz, não a consigo encontrar, sei que a perdi, foi arrastada pela torrente de dor constante que me persegue incessantemente, qual matilha de lobos esfomeados por carne fresca da presa mais fácil, porque não lhes pode escapar, não pode fugir... e por isso esperam, vêm devagarinho, não têm pressa, para quê?

Eu estou cá e por mais que faça e me esforce, não lhes consigo escapar.

E sinto em carne viva cada dentada, cada jorro de sangue que da minha alma já tão maltratada ainda sai, do meu coração tão dorido que ainda sente... mais valia que não, que já nada dele restasse, que como prova só estivesse um buraco negro e sem fundo, como a minha vida...

Ás vezes questiono - me, continuar para quê? 

Qual o sentido, o propósito? 

Sofrer mais? Bela perspectiva de vida! (sim, é para ler com sarcasmo extremo).

Já nem de vida se fala, é só sobrevivência, e mesmo esta nem sempre vale a pena, nem sempre tem justificação. A minha não tem, parece-me...tenho a certeza.

Sou uma "embalagem com defeito", dependente, que só dá trabalho aos outros, que os impede de viver a vida que lhes estava destinada, que lhes suga o tempo, as energias, os recursos, tudo...

Sou uma egoísta, por minha causa a vida de tanta gente teve de mudar, adaptar-se, destruí os sonhos a todos aqueles e aquelas que de mim estavam próximos...e continuo a fazê-lo.
No fundo, obriguei pessoas a ficarem dependentes de mim, do que me aconteceu, da minha limitação...não, da minha deficiência!! É isso mesmo, da minha deficiência!!

DA MINHA PERDA DE INDEPENDÊNCIA, DE NÃO MAIS SABER QUEM SOU...

É isso, essa palavra com todo o seu conteúdo que me esmaga, me destrói, me aniquila, me retira as forças quando delas mais preciso, me impede de sentir humana, mulher, viva...

Sou um farrapo...
Nada sou...
Nada sinto...