
Hoje estou triste, muito triste, tão triste que parece querer correr de dentro de mim um verdadeiro oceano de lágrimas e um profundo abismo de dor.
Hoje só me apetecia não existir, não estar, não ser... para quê?
A vida no fundo não faz sentido, a minha não faz, não a consigo encontrar, sei que a perdi, foi arrastada pela torrente de sangue que jorrou na minha medula há 29 meses (precisamente hoje...parabéns para mim!!!), e que fez comigo e de mim este resto de pessoa que sou.
Continuar para quê? Qual o sentido, o propósito? Sofrer mais? Bela perspectiva de vida!
Já nem de vida se fala, é só sobrevivência, e mesmo esta nem sempre vale a pena, nem sempre tem justificação. A minha não tem, parece-me...tenho a certeza.
Sou uma embalagem com defeito, dependente, não-funcional, que só dá trabalho aos outros, que os impede de viver a vida que lhes estava destinada, que lhes suga o tempo, as energias, os recursos, tudo...
Sou uma egoísta, por minha causa a vida de tanta gente teve de mudar, adaptar-se, destruí os sonhos a todos aqueles e aquelas que de mim estavam próximos...e continuo a fazê-lo.
No fundo, obriguei pessoas a ficarem dependentes de mim, do que me aconteceu, da minha limitação...não, da minha deficiência!! É isso, sou deficiente!!
É isso, essa palavra com todo o seu conteúdo que me esmaga, me destrói, me aniquila, me retira as forças quando delas mais preciso, me impede de sentir humana, mulher.
Sou um farrapo...
Nada sou...
Nada sinto...