sexta-feira, 20 de março de 2009

Ao som de um bolero




A tarde triste, vai se despedindo
A noite chegando com seu encanto
Ao fundo faceira vem apontando a lua
Hoje cheia, vestida de prata
Se insinuando ao negro azul da noite

Logo, ao olhar pro infinito
Pontinhos cintilantes de diamantes
Incrustados no céu
Brilham chamando a atenção dos amantes

Que nesse momento romântico
As cortinas se abrirão para anunciar
Aos corações apaixonados
Um bolero de uma noite de luar

De repente um barulho forte
Parecendo um trovão
No silencio ensurdecedor daquela noite
Fez palpitar o coração

Uma lágrima que rolou dos olhos do poeta
Escorreu do seu rosto e se jogou no chão
Tamanha a emoção que sentiu
Ao contemplar sua linda fonte de inspiração
A noite de lua cheia, lhe arrebata o coração

Hoje toda lua cheia é de dor
Ao procurar seu grande amor
E não mais encontrar
Seja lá onde ele for

A lua hoje ao poeta
Vista sozinha lá no céu
Só lhe faz chorar
E recordar seu grande amor
Ao som do Bolero de Ravel

Jorge Luiz Vargas

UM AMIGO...


UM AMIGO...

Ajuda-te

Valoriza-te

Respeita-te

Acredita em ti

Nunca te goza

Compreende-te

Nunca se ri de ti

Aceita-te como és

Eleva o teu espírito

Caminha a teu lado

Perdoa os teus erros

Admira-te no teu todo

Acalma os teus medos

Oferece-te o seu apoio

Ajuda-te a levantares-te

Diz coisas lindas sobre ti

Ama-te por aquilo que és

Explica-te o que não entendes

Diz-te tudo sobre o teu coração

Entrega-se-te incondicionalmente

Diz-te a verdade, quando precisas ouvi-la

Grita-te, se necessário quando não queres "ver" a realidade.

Como as imagens enganam!!!!


Hoje, apesar da imagem sorridente que ostentava pelo Natal enquanto estava internada pela 2ª vez em Alcoitão, hoje estou no mínimo triste.

Hoje por alguns acontecimentos dei por mim a sentir-me muito triste, tão triste como não me sentia há muito, muito tempo!!

Dei por mim a pensar em desaparecer, completamente, para sempre, sem volta, nunca! Pensei em morrer! Sim, pensei em morrer e acabar com todo este sofrimento pelo qual eu passo há 28 meses (feitos hoje, dia 19, parabéns para mim!!), pensei mesmo, e de uma forma tão consciente, tão desesperada, tão pungente e tão urgente que só não o fiz por uma única razão... por COBARDIA!!

Podem pensar que esta história de suicídio é uma parvoíce, só quem não tem força de vontade, só quem é cobarde, parvo, medricas, só quem não tem personalidade é que pensa nisto...eu sei, eu também já pensei assim há uns bons anos. Para mim só os perdedores, os derrotados pensavam nisto,mas afinal heis-me aqui a pensar exactamente o mesmo, e como, e com que vontade!!
Portanto, parvoíce é eu não ter coragem para o fazer, para levar isto por diante, parvoíce, mariquice sim, verdadeira anormalidade...

Aliás, verdadeira anormalidade é como eu me sinto, é como eu me vejo, é como eu me sinto!!
É o que eu sinto que sou, uma anormal, uma deficiente cuja vida literalmente acabou há 28 meses, deixando uma casca vazia que tem vindo a perder o seu conteúdo até ficar como estou, podre, seca, árida, estéril na alma e no coração.

A hemorragia medular além de me afectar a locomoção, amputou-me a minha essência, o meu EU, assassinou a mulher que existia em mim e que existiu durante 32 bons anos, e em todos os aspectos, todos, de todas as formas e permanentemente!!!

Não sei quem sou, não o que sou, mas sei que não me sinto como uma pessoa, como um verdadeiro ser-humano, normal, merecedora de felicidade ou sequer de alguma réstia desse sentimento os estado de alma.

Sínto-me inútil, não tenho propósito de viver, sobreviver talvez, quem sabe??
Mas sei que não sou feliz, nem lá perto ando, já não sei o que isso é na realidade, é algo que me foi retirado há 28 meses e que não volta!!

Continuo sem saber porque aconteceu a hemorragia, porque me aconteceu a mim, qual o propósito de tamanha maldade do destino...
Tenho continuamente perguntado mas ninguém me responde...

Sinto-me vazia, morta por dentro... mataram-me há 28 meses, e isto é o testemunho de um zombie, uma morta-viva, EU!!