domingo, 6 de dezembro de 2009

A TIMIDEZ


Uma pessoa tímida é aquela que se sente inibida de interagir em diversas situações, em que se incluem as relações interpessoais e familiares.

O sujeito sente embaraço e desconforto perante cenários em que se sente confrontado com algo que o assusta, com situações com as quais está pouco familiarizado e mostra pouca energia e interesse em interagir com os outros, guardando para si o que pensa e sente.

De um modo geral, a pessoa tímida está permanentemente preocupada com as reacções dos outros e com as suas pelo que se retrai, a ponto de sentir problemas em termos sociais e profissionais e uma redução na sua qualidade de vida, sobretudo pela falta de prazer e motivação em participar nas actividades que envolvam outras pessoas.

Frequentemente os seus objectivos não são cumpridos porque ao delineá-los, pondera logo a interacção com os outros e pode desistir com facilidade pois a falta de coragem acaba por superar a força interior. É recorrente que pensem e que não apliquem os seus ideais, o que aumenta a timidez, a vergonha e a frustração.

Ao tomar consciência da sua timidez e ao querer superá-la o indivíduo ganha mais riqueza intelectual e interior proveniente das relações com os outros, já que esse é um dos principais propósitos dos relacionamentos. Ainda assim, grande parte das pessoas tímidas acreditam no contrário, o que as isola e as faz planear a vida sozinhos, onde os outros não têm entrada, o que se poderá tornar patológico em casos extremos.

A timidez não é considerada como um transtorno psicológico, muito embora algumas terapias possam ajudar a combatê-la. Refira-se que todos os seres humanos são afectados pela timidez ao longo da vida nas diversas participações e exigências, simplesmente conseguem ultrapassá-la após ganharem confiança; o que acontece ao fim de algum tempo, como por exemplo após perceber que não existe um problema real e que se pode descontrair.

Nestes casos, a timidez funciona como um regulador social que permite avaliar previamente a situação antes de agir ou como uma forma de cumprir as normativas de cada contexto em que se participa. Geralmente a timidez é uma defesa para controlar emoções em situações novas e para manter a “etiqueta” até que possa libertar-se.

Ao mesmo tempo, a timidez pode ser superada com pequenos desafios em que a pessoa se sinta confortável e que lhe pode servir de suporte para as que se sente menos preparado. Nas apresentações de temas, trabalhos, palestras ou convívios em que mal se conhece o grupo-alvo isto pode acontecer e ser ultrapassado em minutos, já que existem técnicas para o efeito. Refira-se ainda que, desistir por timidez não é uma solução, pois tudo se ultrapassa com a acção e existem ajudas que fazem uma grande diferença.

Importa então diferenciar a timidez: a situacional que é quando a inibição se manifesta em situações específicas, como por exemplo vergonha de falar em público e a timidez crónica que se manifesta em todas as situações sociais. Estas pessoas têm dificuldade em fazer amigos, em falar com estranhos e de todas as situações que envolvam uma exposição pessoal.

Segundo Philip Zimbardo, deve acrescentar-se outro tipo de timidez em que o indivíduo faz a sua vida diária com os outros, mas prefere estar só; falar consigo mesmo e alimentar os seus pensamentos sem a interferência dos outros.

Estas pessoas gostam mais de objectos do que de estar com pessoas e sentem-se confortáveis nesse isolamento social. Estas pessoas são introvertidas e sofrem de uma ansiedade silenciosa e muitas vezes inexplicável.

De um modo geral a timidez está associada a acontecimentos passados e a situações em que o sujeito não teve os resultados pretendidos. Os tímidos podem apresentar alguma fobia social e quando se auto-avaliam, consideram-se pouco interessantes e com a sensação de que os outros não gostam de si.

Efectivamente as crianças tímidas, ao não conseguirem ultrapassar esse problema, serão adultos tímidos, ainda que esse facto não constitua uma “condenação”, muito embora estudos na matéria caracterizem a timidez como uma predisposição genética que, tal como outras precisa de uma intervenção. De um modo geral, a timidez na criança é uma consequência da vergonha de algo.

Os pais tímidos, situações que humilhem a criança, a agressão, o abandono e outras situações que comprometam a auto-estima do sujeito podem ser a base da timidez na maioria dos casos. A frieza dos pais, a pouca capacidade de expressar afectos, uma situação de divórcio mal esclarecida e envolta em problemas familiares pode facilmente conduzir à timidez, tal como a não aceitação de si mesmo.

Na adolescência a timidez pode assumir proporções sérias e preocupantes ao nível do isolamento social e da dificuldade em estabelecer objectivos pessoais e profissionais devido a este obstáculo.

Na idade adulta é desejável que este quadro se altere sob pena do sujeito precisar de um acompanhamento para o que já poderá ser um transtorno mental.

Os estudos recentes apontam algumas causas físicas ligadas à timidez que, ao serem futuramente controladas, poderão constituir uma forma de tratamento eficaz. Esta é uma esperança que poderá acrescentar as técnicas actuais que nem sempre são suficientes. Note-se que, alguns investigadores associam problemas respiratórios e ao nível das amígdalas como desencadeadores da timidez.

Para a psicologia a timidez tem tratamento através da aquisição de técnicas de ajuda que permitam que a pessoa tímida encare a imagem que tem de si mesma e dos outros. É tudo uma questão de procurar algo que possa melhorar a qualidade de vida e a sua participação no mundo como merece.



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