domingo, 22 de fevereiro de 2009

"Poetas e Cantigas..."








Isto de fazer uma cantiga
Como a "lei" manda ao poeta
Muito tem que se lhe diga,
Não sei se noutra me meta.

(Dr. Alexandre Torrinha)

I
Sendo um dom do pensamento,
Com palavras num sem fim...
Como plantas de um jardim,
Enfeitando o chão cinzento...
Elas brotam no momento,
Como brota a verde espiga...
Um condão que se mastiga,
Nesta minha opinião...
Eu acho que é vocação,
Isto de fazer uma cantiga...

II
Bem temperada pela rima,
Que lhe dá forma e beleza...
Dá sentido e mais firmeza,
Se a moral nos vem de cima...
Uma grosa quando lima,
Pela forma mais concreta...
Faz-se trova de um profeta,
Enfeitada com grainhas...
E as palavras são rainhas,
Como a "lei" manda ao poeta...

III
O que é dito pelo mote,
É destino e pão da obra...
Verso a verso se desdobra,
No sentir de cada dote...
Mete as águas no capote,
Quando o pão falta à barriga...
Brada alto a quem lhe liga,
Exprimindo a sua crítica...
E essa coisa da política,
Muito tem que se lhe diga...

IV
Um actor quando declama,
O que manda o sentimento...
Trova amor, sorte e lamento,
Pedindo paz como quem ama...
Trovador de cante e chama,
Que se exalta na caneta...
Entretido nesta faceta,
Vou rimando o meu prazer...
E como gosto de escrever,
Não sei se noutra me meta...


António Prates
(In Sesta Grande)

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