segunda-feira, 9 de julho de 2007

As mentiras em que acreditamos

Estive a ouvir uma canção na voz da Rita Guerra e do Beto, "Cavaleiro Andante", cantores com vozes potentes e muito, muito talento. É preciso que lhes sejam reconhecidas estas verdades. Nós Portugueses somos tão, ou mesmo (na minha opinião imodesta) melhores que os "estranjas". Felizmente não preciso que me digam para ter orgulho em ser Portuguesa, ou quando o devo sentir, ou quando devo manifestar tal facto. Não preciso de colocar uma bandeira para me lembar disso. Sou Portuguesa, tenho orgulho nisso, e pronto!!!

Bom, estive a ouvir a referida canção e outras, e cheguei à conclusão que a maioria dos seres humanos são burros e são - no conscientemente. Ora oiçam lá a letra de 99% das canções que agora circulam por aí, estrangeiras ou não, pop ou não, o que for. A conclusão a que se chega é que é tudo mentira!

O amor imortal não existe, as dores não se curam com beijinhos e carinhos e sessões de sexo infindáveis, a felicidade não está ao virar da esquina, aliás, se calhar até nem existe (será outro mito?), o romantismo (infelizmente) já morreu há muito tempo (já não há tempo para escolher uma flor, mesmo a mais singela, um malmequer de rua; para fazer um poema a pensar em alguém; para fazer um telefonema só para dizer que se sente saudades; para dar um abraço, mas um verdadeiro, um daqueles que se sente pelo corpo todo, que arrepia, que nos derrete, que desfaz como por milagre o pior humor, a maior neura; um beijo "à séria", ou seja, com muito sentimento, com muito carinho, ternura, cuidado, desejo de agradar, altruísmo e entrega verdadeira e total, sem medo; um carinho "carinhoso", sem exageros, onde o que conta é o brilho nos olhos, aquele que transparece quando nos sentimos bem, mesmo bem, quando o nosso coração palpita e a nossa alma se expande e abre ao outro, sem reservas, sem portas, toda ela luz e emoção...)... é, parece que o sentimento, o SENTIMENTO ou já desapareceu ou nunca existiu , e temos sido continuamente enganados.

Pois, cheguei à conclusão que temos expectativas demasiado altas, sonhos demasiado estruturados e compartimentados, pouca ou nenhuma espontaniedade, pouco amor (recebido e por consequência, dado), pouca resistência à recusa, ao falhanço em alcançar aquilo que nos dizem que é suposto alcançarmos, total (ou quase) incapacidade para a felicidade (?), para as coisas verdadeiramente importantes na vida, para as pessoas verdadeiramente importantes que cruzam o nosso caminho (geralmente não têm Dr.º ou Dr.ª como título, ou outros derivados).

Querem fazer - nos crer que se não somos aquilo que era suposto sermos, se não temos o nível de felicidade estipulado socialmente, então a culpa é só nossa, porque se até as canções nos dizem como alcançar a felicidade... se o não conseguimos é porque o não merecemos, não nos esforçamos como´deveríamos, não nos sacrificamos como é devido... somos mesmo estúpidos!

E o pior é quando algum de nós vê tudo isto e começa a questionar, a querer outras coisas, outro nível de envolvimento, a querer cumplicidade, companheirismo, sinceridade mesmo que isso implique um pouco de dor emocional, a querer resolver as coisas pelo diálogo, abrindo as feridas quando tem de ser para lhes tirar todo o pus, para cauterizar a infecção, para arejar as ideias, para dar novo fôlego, a exigir dos outros o que calcula exijam de si... para descobrir que é olhada de lado, com desconfiança, com animosidade até, com acusações de ser muito exigente (em tudo), de querer tudo à sua maneira, de ter medo de avançar... e com isto vamos murchando por dentro, amargurando, entristecendo, "acinzentando"... e eu que gosto tanto do arco-íris, de cores quentes e fortes...

Enfim, é assim a vida... e os seres humanos continuam a ouvir as mesmas letras nas canções e a acreditar na mentira que lhes impingem... afinal é tudo pela felicidade social!!!

E no final tudo se resume a uma e única questão:

"Onde está o Sentimento, alguém o viu, ou já o mataram?"

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