sexta-feira, 17 de julho de 2009

A GRANDE CICATRIZ



Fala-lhes da grande cicatriz.


Aquela cicatriz gigantesca que cada homem traz dentro do peito, que contém a amálgama de todos os seus medos. De todos os receios e dúvidas. Na grande cicatriz mora um mago, com experiências mortais e místicas, que vai alquimizando a dor,transformando-a numa experiência feliz e enriquecedora.

Na grande cicatriz mora o profundo, mora o que de mais longínquo temos de curar. A grande cicatriz é o que não te deixa ver mais longe, o que te oprime e instrui, o que te restringe e amplia, onde mora o retrocesso e o avanço, onde mora o dual.

Vai à grande cicatriz. Tem essa coragem. Vai à fonte de todas as incertezas, ao domínio de todo o caos emocional e senta-te lá. Vive. Sente. É aí que está a ferida, é aí que está a cura. É aí que está a tua capacidade de te reinventares todos os dias, e de cada dia de manhã saíres de casa com a sensação de que podes ganhar o mundo.

É na grande cicatriz que mora o medo, que mora o escuro, que mora o medo do escuro. É nesse buraco pérfido que mora a raiz de toda a perfeição. E só no momento em que venceres a estagnação e encarares o trauma de abrir essa cicatriz, de um tempo que não volta mais e é mais presente do que nunca, só no dia em que a ferida for de novo aberta, é que todos os pecados serão perdoados, todos os jogos serão permitidos, porque o homem foi ao mais profundo de si próprio pôr-se em causa e não teve medo da sua própria rejeição. O homem, ao encarar a dor, perdoa-se e sobe.

A Alma Iluminada, Alexandra Solnado

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